segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O humanismo

Centro das preocupações do pensamento renascentista, o ser humano passou a ser considerado a obra mais perfeita do Criador, capaz de compreender, modificar e até dominar toda a natureza. Gestado nessa época, o humanismo se tornará referência para muitos pensadores nos séculos seguintes, inclusive para os iluministas do século XVIII.
O pensamento humanista provocou uma reforma no ensino das universidades, com a introdução de disciplinas como poesia, história e filosofia. Também com base nesse fundamento, alguns pensadores buscaram reinterpretar o cristianismo, utilizando escritos de autores da Antiguidade, como Platão.
O estudo dos textos antigos despertou o gosto pela pesquisa histórica e pelo conhecimento das línguas clássicas, como o latim e o grego. Recuperado, o latim clássico passou a ser a língua com a qual os estudiosos se comunicavam e escreviam suas obras.
A partir do século XIV, ao mesmo tempo que os renascentistas se dedicavam ao estudo das línguas clássicas, diferentes dialetos davam origem às línguas nacionais. Esse fenômeno foi um passo importante na consolidação das fronteiras entre os diversos Estados europeus, que naquele momento se unificavam. Foi também fator decisivo para a formação de uma identidade nacional e cultural entre as diversas populações reunidas sob o domínio dos reis.
Alguns poetas e escritores deixaram de empregar o latim em suas criações literárias, substituindo-o pela língua falada na própria região. Um deles foi Dante Alighieri, autor da Divina comédia. Com isso, tais autores acabaram por difundir e fortalecer um idioma comum e um sentimento de identidade nacional.
O grande centro do pensamento humanista na península Itálica — assim como de todo o movimento renascentista — foi a cidade de Florença, onde Lourenço de Médicis fundou a Academia, que reunia estudiosos ilustres, como Pico dela Mirandola. Um de seus maiores pensadores foi Maquiavel, autor de O príncipe. Obra precursora da ciência política, nela Maquiavel dá conselhos aos governantes da época, ensinando-os a conquistar e conservar o poder como passo para a unificação da península Itálica em uma só nação.
Nos Países Baixos (que, nesse período, englobavam Holanda e Bélgica), o pensamento humanista alcançou destaque na obra de Erasmo de Roterdã. Em Elogio da loucura, seu livro mais conhecido, Erasmo criticou a imoralidade e a ignorância do clero, propondo que a Igreja reorganizasse sua ação com base nos Evangelhos. Foi um dos primeiros intelectuais a ter seu pensamento largamente difundido por meios impressos.
Outro pensador humanista de importância foi o inglês Thomas Morus, que em sua obra Utopia construiu a idéia de uma sociedade em plena harmonia. Mas foi nos textos teatrais de William Shakespeare que os ideais humanistas se propagaram entre os ingleses.
Considerado um dos maiores dramaturgos do mundo e de todos os tempos, Shakespeare abordou em sua obra os conflitos humanos nas mais diversas dimensões: pessoais, sociais, políticas, etc. Foi autor de comédias e tragédias, como Romeu e Julieta, Macbeth, A megera domada e Otelo.
Na península Ibérica, Miguel de Cervantes fez, em seu livro Dom Quixote, uma crítica contundente da cavalaria medieval. Em Portugal, a expressão máxima do Renascimento foi Luís Vaz de Camões, autor do poema épico Os lusíadas.



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